A palavra “aposentadoria” está presente em minha vida há bastante tempo. Meu avô era sindicalista e lutou, durante um longo período, pelos direitos previdenciários dos agricultores familiares de um pequeno município localizado na região das Missões, no norte do Rio Grande do Sul. Por isso, os seus relatos diários, na maioria, eram sobre as dificuldades que “fulano(a) ou sicrano(a)” enfrentava para conseguir se aposentar ou sobre a felicidade em ver o segurado especial alcançando a concessão do benefício.
Passado um tempo, em 2017, voltei a ter contato novamente com o mundo previdenciário, quando comecei a trabalhar no escritório. Desde então, acompanho diariamente a expectativa dos segurados que aguardam a análise do processo de sua aposentadoria. E não tem como ser diferente! A ansiedade é totalmente compreensível, pois, para muitos, - e principalmente para os segurados especiais -, é a primeira vez, durante toda a sua vida, que terão acesso à garantia de um salário mensal.
Ocorre que até chegar à decisão final da concessão ou não do benefício, o caminho é longo e inseguro. E todo esse percurso gera angústia tanto no segurado quanto em quem está trabalhando no caso, pois o andamento processual, tanto administrativo quanto judicial, muitas vezes, é lento, instável e recheado de surpresas. Aliás, monotonia não faz parte da rotina do escritório, pois as regras jurídicas e administrativas mudam constantemente, provocando nos previdenciaristas dedicação constante de estudo e qualificações.
E essa rotina me encanta, pois, embora eu acompanhe algumas improcedências, o fato de ver um trabalhador receber a notícia de que o seu benefício foi concedido é recompensador. É porque, neste momento, o esforço e a dedicação de tantos anos a uma determinada atividade foram reconhecidos e, enfim, coroados! Então, estar ao lado dos trabalhadores durante o trajeto à aposentadoria é uma tarefa desafiadora e uma oportunidade satisfatória